Antes de tudo
Viver como nômade é uma experiência sensacional. Ter o leite sendo entregue pelo Perluigi pela manhã, fazer um intervalo do trabalho no meio da tarde e dar uma nadada na baía de Kotor ou comer uma pizza do Luigi no coração da Itália, não têm preço. Colocando tudo na balança, a vida nômade é sensacional.
Mas nem tudo são flores
Nesse ano que passou de vida sem uma casa fixa, tivemos um monte de tipos diferentes de aventuras. Aqui vou falar de algumas que não foram tão legais assim.
Transportando porco na Costa Amalfitana
Como a vez que o motorista do ônibus na Costa Amalfitana ficou p da vida com a gente. Só por termos tentado entrar no ônibus pela porta de trás (sem saber). Como retaliação ficou nos jogando pra todos os lados enquanto tentávamos encontrar o nosso assento. Resultado: Dani passou mal e teve que descer. Ficamos no meio da estrada, sem sabermos como chegar a Salerno, sem comunicação, sem nada.
Quase atropelado por um navio de cruzeiro
Olho pra direita, um navio bem longe, olho pra esquerda contemplo Kotor, olho pra direita e o navio está quase em cima de mim…
Na baía de Kotor, principalmente em Perast, Kotor e Dobrota, há vários balneários privados. Muitos deles com caiaques e pranchas de SUP para alugar. Fiz amizade com Vlad, o dono, não tão responsável assim, de uma dessas praias privadas…
Posso falar que nesse dia o ar estava diferente, que eu estava diferente, mas não, era mais uma manhã de sol e calor em Kotor. Eu tinha liberdade pra entrar e pegar o caiaque sem permissão…
Os primeiros minutos são mais meditativos e lentos, pelo menos pra mim que tinha os braços travados das nadadas dos dias anteriores. Remei com a cabeça baixa e sem pensar em muita coisa…
Resolvi que só tinha uma saída: remar o mais rápido possível. Consegui, com muito esforço e nenhuma sobriedade, chegar a um ponto seguro. O navio deve ter passado uns 20 metros de mim. As ondas do seu movimento começaram a me atingir, mas ali já estava me recompondo do desespero.
Passado o susto, ficou a lição aprendida: não reme quando tiver vindo um navio na sua direção!
Escolhendo a casa errada pra ficar um mês
Vida nômade é aquela coisa: um dia você acorda com vista pro mar, no outro… tá carregando um saco de roupas de festa da anfitriã pra liberar espaço no armário. Foi assim que a gente foi parar em Zelenika, Montenegro, no que parecia um achado do Airbnb.
As fotos? Lindas. O preço? Dentro do nosso orçamento (que já tava brigando feio com a alta do Euro). O problema? Bem… era só chegar lá pra entender.
Primeiro sinal de alerta: a anfitriã esqueceu de passar os dados do endereço em detalhe e a gente foi pra lá mesmo sem saber onde era exatamente. Estava aí já o prelúdio do mês que estava por vir.
Segundo: A entrada. Uma escada de terra ao lado de um container de reciclados. Nada contra uma vibe sustentável, mas quando a escada parece um desafio do No Limite, começa a bater a dúvida.
Por último: a casa. Toda improvisada, não tão limpa quanto se espera e cheia de teias de aranha.
O gran finale veio quando percebemos que… não tinha máquina de lavar roupas. Nosso plano brilhante? Pedir favores pra um casal de sérvios para lavar nossas roupas. Toda semana era uma batalha para nos fazer entender e pedir a amável ajuda do casal muito gente fina.
Se aprendemos alguma coisa? Sim. Sempre pergunte sobre lavanderia antes de fechar um Airbnb. E talvez, só talvez, pergunte também sobre o endereço completo.